segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Carraças

As carraças são parasitas externos, artrópodes pertencentes à Subclasse Acarina, Ordem Ixodida, que se alimentam do sangue do hospedeiro. Existem 3 familias de carraças, entre as quais se destacam as Ixodidae, de corpo duro. Contam-se aproximadamente 800 espécies de carraças em todo o mundo, cerca de uma dezena dessas espécies estão presentes em Portugal.

Origem - Pensa-se que surgiram no Cretácico, à cerca de 65 a 146 milhões de anos.

Adaptação ao Habitat - As carraças precisam de condições específicas para o seu correcto desenvolvimento, principalmente de temperatura, humidade e horas e intensidade de luz. À medida que aumentam as horas de luz e a temperatura, aumenta a actividade das carraças. Consequentemente, a época das carraças pode estender-se desde a Primavera até ao Outono. Dependendo da fase do ciclo de vida em que se encontram, podem viver tanto na superfície da pele de animais como no ambiente. A carraça pode estar no solo em zonas com vegetação, mas também em muros à espera de um hospedeiro. Trata-se de um ectoparasita que necessita de 1, 2 ou 3 hospedeiros (animais a partir dos quais se alimenta para se reproduzir e sobreviver), consoante a espécie de carraça em causa. Este parasita terá tendência a proliferar no nosso país, quer pelo crescente aumento do efectivo animal (nomeadamente de cães e gatos abandonados), quer pelo nosso clima cada vez mais quente e húmido, 2 factores indispensáveis para a distribuição de carraças no ecossistema.





Hábitos alimentares - As fêmeas alimentam-se de sangue, enquanto os machos preferem o nectar. Isto porque a fêmea necessita de uma alimentação de sangue para uma boa maturação dos ovos. Quando se apercebe da passagem de um hospedeiro, dirige-se para ele, vagueando pelo seu corpo até encontrar um local seguro, como o pescoço ou a cabeça, onde não possa ser atacada. Seguidamente introduz o hipostoma (aparelho sugador) na pele e, durante horas, alimenta-se do sangue do hospedeiro. Após a alimentação de sangue desprende-se voluntariamente e cai no solo para continuar o seu ciclo. No tarso da perna existe um orgão sensorial conhecido como orgão de Haller capaz de detectar odores, químicos e alterações de temperatura e fluxo aéreo, excelente arma que permite detectar futuros hospedeiros. Além desta ferramenta estratégica, ao inserir o seu hipostoma na epiderme podem ainda injectar anticoagulantes e substancias vasodilatadoras para facilitar o fluxo sanguíneo e a sua hematofagia.

Hábitos reprodutivos - O seu ciclo de vida é composto por quatro estádios: ovo, larva, ninfa e adulto. O cruzamento entre o macho e a fêmea ocorre na superfície da pele do hospedeiro.  Uma carraça adulta pode originar entre 2000 a 20000 ovos, que se destacarão do hospedeiro e serão depositados no solo, preferencialmente em zonas de vegetação de baixa ou média altura, com algum grau de humidade.


Controlo de pragas - A carraça, quando portadora de agentes patogénicos, representa um perigo para a saúde pública. O controlo pode ser feito através da diminuição da concentração de hospedeiros, uso de insecticidas ou desbaste de áreas cobertas por vegetação alta. 



Existem vários mecanismos através dos quais a carraça pode provocar doença ou lesão no hospedeiro:
  • Lesões pela acção das suas peças bucais na pele.
  • Efeitos tóxicos, pois a saliva da carraça contém neurotoxinas que podem causar paralisia.
  • A ingestão de grandes quantidades de sangue pode levar à anemia e a um estado de debilitação.
  • Transmissão de outras doenças causadas por protozoários, bactérias e vírus.
    • Babesiose: Doença causada pela Babesia canis e B. gibsoni, caracterizada por febre, anorexia e anemia. É fatal se o cão não for tratado a tempo.
    • Borreliose ou Doença de Lyme: é das zoonoses transmitidas por carraças mais importantes. Causada pela bactéria Borrelia burgdorferi que produz quadros de febre, anorexia, poliartrite, miopatias e adenopatias.
    • Ehrlichiose: Doença causada pela bactéria Ehrlichia canis que causa febre, problemas respiratórios, edema e vómitos, na fase aguda.
    • Tularemia
    • Anaplasmose bovina

Sintomas habituais - Nem todos os infectados por estes seres manifestarão doença, no entanto, aqueles que a manifestarem apresentarão um ou mais dos seguintes sinais: febre, depressão, letargia, descarga nasal e/ou ocular, perda de peso, claudicação, mucosas pálidas, tosse, dificuldades respiratórias, vómitos, diarreia, urina com sangue (tipo "vinho do Porto"), distúrbios neurológicos, paralisia de posteriores, hemorragia pelas narinas (epistaxis), choque e mesmo morte se não forem atempadamente tratados.

Prevenção das zoonoses transmitidas por carraças - Os melhores repelentes para as carraças são os que contêm dietiltoluamida (descrito na embalagem como DEET). No entanto, deve existir sempre algum cuidado ao usar estes repelentes em crianças. Ao nível das infecções pelos protozoários, existem dois tipos de vacinas que conferem protecção: uma para a doença de Lyme, com elevada eficácia; e uma para a Babesiose, com uma eficácia de 70 a I 00% em áreas endémicas




sites
http://www.scalibor.pt/leishmaniose/carracas.asp
http://arcadenoe.sapo.pt/article.php?id=6
http://en.wikipedia.org/wiki/Tick

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